O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome da ONU, após três anos entre os países que enfrentam índices críticos de subnutrição. A novidade foi anunciada durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas (UNFSS+4), nesta segunda-feira (28), em Adis Abeba, capital da Etiópia. O evento contou com a participação de representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), que destacaram estratégias urbanas para garantir o acesso à comida saudável e acessível para todos.
Entre as principais ações apresentadas, estão a Estratégia Alimenta Cidades, o AlimentaLAB e o novo Marco de Políticas Públicas sobre Sistemas Alimentares e Clima, previsto para ser lançado em outubro deste ano. Todas essas iniciativas fazem parte de um esforço coletivo que contribuiu diretamente para a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU.
Segundo a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Lilian Rahal, o Alimenta Cidades busca levar comida de verdade a quem mais precisa. “A estratégia visa expandir a produção, o acesso e o consumo de alimentos saudáveis especialmente nas periferias urbanas e entre populações em situação de vulnerabilidade”, afirmou. Atualmente, mais de 25 milhões de pessoas vivem em áreas consideradas desertos alimentares, ou seja, com baixa oferta de alimentos frescos e nutritivos. A meta do programa é alcançar 91 municípios brasileiros, beneficiando mais de 77 milhões de pessoas.
O Alimenta Cidades reúne várias frentes de atuação, como agricultura urbana, compras públicas para merenda escolar, fortalecimento de cozinhas solidárias e redução do desperdício de alimentos. Tudo isso com base no entendimento de que alimentação é um direito humano e deve ser tratada como política pública de prioridade.
Outro destaque da delegação brasileira foi o AlimentaLAB, um laboratório de inovação criado pelo MDS para identificar e promover soluções eficazes em políticas públicas alimentares. A iniciativa também fomenta a cooperação Sul-Sul, com troca de experiências entre países em desenvolvimento.
Já o Marco de Políticas Públicas sobre Sistemas Alimentares e Clima, segundo a gerente de projetos do MDS, Márcia Muchagata, vem para alinhar nutrição, segurança alimentar e metas ambientais, com foco em governança democrática e participação social. “Esse marco se baseia em princípios como o direito à alimentação adequada, justiça climática e soberania alimentar”, explicou.
Durante o evento da ONU, o ministro Wellington Dias, que lidera a pasta, comparou o impacto dessas ações ao do SUS durante a pandemia: “Assim como o SUS salvou vidas, o nosso sistema de segurança alimentar e nutricional também salvou milhões de brasileiros da fome”, disse.
As ações apresentadas mostram como o Brasil tem adotado uma abordagem sistêmica, multissetorial e conectada com os desafios contemporâneos, unindo combate à fome, justiça social e sustentabilidade ambiental. E tudo isso com foco na transformação das cidades, onde vive mais de 85% da população do país.